RESENHA | The Treacherous (O Traidor): Um Filme Intenso Sobre Lealdade, Poder, Prazer e Sexualidade na Dinastia Joseon



Hello, Annyeong, Drameirs! Hoje trago para vocês a resenha desse filme +18 que me surpreendeu tanto na qualidade da produção quanto na história, que literalmente é para os mais fortes. Inclusive, ouso dizer que foi a história mais pesada que já vi durante minha carreira de drameira/dorameira.

Então, venha conferir o que eu achei de The Treacherous (O Traidor), um filme que aborda como poder, prazer e sexualidade se relacionam com o governo/monarquia, abordando alguns tabus da Coreia e colocando-os em um filme super bem produzido, com atuações maravilhosas e que traz muita reflexão!


FICHA TÉCNICA

Direção e roteiro: : Min Kyu Dong
Gênero: Histórico / Drama / Intriga de Corte / Dinastia Joseon / 18+
Duração: 2h:13min.
País: Coreia do Sul
Lançamento: 2015
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐


SINOPSE


O Príncipe Yeonsan fica mergulhado com a insanidade enquanto ele mata os responsáveis pela morte de sua mãe. Ele nomeia seu amigo de longa data Im Soong-Jae e seu pai para o cargo de retentor. Eles são ordenados a reunir mulheres bonitas de todas as partes do país para o prazer do Príncipe Yeonsan. As mulheres são tomadas, independentemente do status matrimonial ou da classe social.
Dan-Hee é uma mulher bonita, mas ela é filha de um açougueiro da classe mais baixa. Ela salva Im Soong-Jae do perigo e depois implora-o para levá-la ao palácio. Im Soong-Jae se recusa por seus próprios motivos pessoais.
No entanto, Dan-Hee entra logo no palácio. Im Soong-Jae torna-se conflituoso e o Príncipe deseja pela bela Dan-Hee. Baseado em eventos reais do regime de Yeonsan-gun, também conhecido como Príncipe Yeonsan, o 10º rei da Dinastia Joseon da Coréia (cr: Movie Asian Fansub / Mydramalist)


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Começo essa resenha dizendo que esse filme é HORROROSO, muito bem produzido, dirigido, atuado e montado. Que história incrivelmente surtada e bem feita.

Decidi ver esse filme depois de ler os surtos da @SOSLuluzeira no perfil do Twitter dela e o quão chocada ela ficou assistindo. Ao ler a resenha dela, fiquei ainda mais curiosa e decidi me aventurar para conferir se essa história era realmente tão chocante assim. SPOILERS: É SIM.

Quando li a resenha da Lu, ela comentou o quão difícil era falar sobre, e concordo. The Treacherous (O Traidor) fala sobre poder, prazer e sexualidade, explorando alguns tabus da Coreia e botando tudo num filme super bem feito, que p*ta que pariu.

Já vi muita merda, mas essa aqui foi algo único. E o pior de tudo é saber que a realidade ainda supera e muito a ficção, infelizmente.


CONTEXTO HISTÓRICO DO FILME



The Treacherous (O Traidor) foi baseado em fatos reais, durante o reinado do rei Yeonsan-Gun, décimo rei da Dinastia Joseon, conhecido por ser um governante tirânico, cruel e por seu comportamento violento e imprevisível. Inclusive, seu reinado é considerado um dos períodos mais sombrios de toda a Dinastia Joseon.

O período de seu governo retratado no filme aborda a escandalosa e revoltante história de que supostamente esse rei teria reunido cerca de 10.000 mulheres, incluindo jovens solteiras e até mesmo mulheres casadas de todas as classes sociais, como damas de sua corte para servi-lo.

Resumo: O bicho era o cão tinhoso encarnado.


INTRIGA DE CORTE DE QUALIDADE COM DIREITO A LOUCURAS DA NOBREZA E MINISTROS MALICIOSOS



A história é complexa e o enredo intenso a torna ainda mais densa e interessante. Havia tantas coisas acontecendo que não sei como eles conseguiram fazer isso de forma tão bem executada, sem deixar pontas soltas ou esquecer algo.

A Lu mencionou em sua resenha que se houvesse um kdrama sobre isso, a história seria melhor aproveitada, mas, para mim, a forma como o enredo foi trabalhado no filme foi perfeita. No entanto, concordo que um Kdrama Sageuk seria incrível, pois a intriga da corte neste filme é de alto nível e a história é tão rica que renderia facilmente 30 capítulos.

Justamente porque em um kdrama haveria mais foco e tempo, acompanhando os ministros lidando com as loucuras do rei, tramando e manipulando o povo para a revolta, além de explorar mais o treinamento da protagonista (que eu chamei de academia dos prazeres) com reflexões dos personagens. Sério, MBC, aqui está o enredo perfeito para o melhor Sageuk da década.

Mas o filme entregou muito bem, não faltou em nada.



PERSONAGENS INTRIGANTES E MARAVILHOSOS (ATÉ MESMO OS RUINS)



Todos os personagens são muito bem construídos. Aliás, outro destaque da história foi a relação complexa e intrigante entre os personagens do ministro Soong-jae (vivido pelo ator Joo Ji Hoon de Kingdom e Hyena) e da Dan-hee (vivida pela Im Ji Yeon de The Glory e Money Heist Pt 2: Korea). Temos um homem sedento por poder que gradualmente se deixa envolver pela bela e misteriosa Dan-hee.

Os sentimentos que ela desperta nele vão comprometendo sua visão e vontades, fazendo com que a linha clara que ele tinha entre poder, lealdade e prazer se misture. Por causa disso, em meio a todos os personagens, o desenvolvimento e a trajetória de Soong-jae foram os melhores para mim.

Foi fascinante acompanhar seu plano de usar Dan-hee para seduzir o rei, enquanto ele mesmo caía nas suas próprias armadilhas. Ver seus questionamentos e a luta interna que ele enfrentava. Foi tudo muito intenso. Apenas o desfecho do personagem foi um pouco decepcionante, mas não foi totalmente ruim. Poderia ter sido épico se tivesse sido abordado de outra forma.


Outros personagens que gostaria de mencionar:

O rei, claramente um psicopata ninfomaníaco, que despertou nojo e revolta em mim, ainda mais com a brilhante atuação do ator, elevando com sucesso o drama e a tensão da história.

A rainha, uma pessoa detestável, mas muito inteligente em sua busca por manter seu poder. A cortesã rival de Dan-hee, Seol Jung Mae (vivida pela atriz Lee Yoo Young de Insider e Tunel), também é uma personagem maravilhosa, uma verdadeira raposa em que não se sabe qual é a sua verdadeira intenção e  que ajudou muito a trazer o drama e suspense na história.


PRODUÇÃO DE ALTO NÍVEL



Apesar da história sombria, o filme é visualmente deslumbrante, não apenas devido às atuações e ao roteiro, mas também à direção de arte, fotografia e figurinos impecáveis e primorosos, de alto valor de produção. É evidente o cuidado e o investimento que foram bem aplicados no filme.

Em relação aos figurinos, adorei que as vestimentas de todos os personagens, desde a nobreza até os servos das classes baixas, pareciam autênticas e não como cosplay ou fantasias. Cada uma delas ressaltava as características dos personagens que as vestiam.



Quanto aos cenários, as casas e os interiores pareciam extremamente realistas, não parecendo ter sido feitos em estúdio. Os objetos e a iluminação estavam meticulosamente elaborados. Eles foram extremamente cuidadosos na produção.

A trilha sonora do filme também está espetacular e grandiosa, manipulando com sucesso as emoções e contribuindo para a narrativa do filme. 11/10, manas.


ESSE FILME É FEITO PARA OS FORTES



O filme possui um tom teatral maravilhoso que torna o enredo mais cativante. A narração, a forma de contar a história e os trejeitos dos atores em algumas cenas agregaram muito à experiência e imersão na história.

Apesar desse tom teatral quase lúdico do filme, a história é pesada e extremamente gráfica, não apenas em relação à violência, mas também em cenas de natureza sexual. Este filme foi feito com a intenção de chocar, pois apresenta cenas de gore, nudez, personagens masculinos desprezíveis e um tratamento terrível das mulheres que, em muitas ocasiões (se não em todas), me deixaram enojada e revoltada.



E não é possível falar sobre ele sem mencionar The King and the Clown, pois são dois filmes similares que abordam o mesmo enredo sobre a corrupção da monarquia/nobreza e a gravidade da questão sexual e sua relação com o poder.

No entanto, enquanto The King and the Clown aborda a perspectiva da classe mais baixa e pobre com uma trama homossexual, em The Treacherous temos a visão da aristocracia/nobreza com uma trama heterossexual.


..൦ഠ൦..


The Treacherous (O Traidor) é uma história que aborda como os homens utilizam as mulheres como meio de obter poder e prazer, moldando-as conforme sua vontade. A objetificação é evidente, e acredito que essa tenha sido a intenção do filme, transmitindo essa mensagem de forma bem-sucedida. É um filme sensual, revoltante e intrigante.

A produção é de alto nível, com atuações e história que me deixaram reflexiva, enojada e revoltada. Ele proporciona inúmeras possibilidades de discussão e retrata bem um período sombrio da história coreana, abordando questões que dão para fazer paralelos até nos dias de hoje.

Mais uma vez, agradeço à @SOSLuluzeira, que sempre traz as melhores indicações de filmes históricos. Obrigada amiga por esse trauma (risos). Deixo aqui o link para a resenha da Lu para que vocês também possam conferir, pois ela é mais direta ao ponto do que a minha. (Tenho que aprender com essa diva, inclusive 😅)


No mais, recomendo o filme, mas com cautela, pois ele não é classificado como 18+ à toa. E não se esqueçam de ter um baldinho ao lado, pois vocês ficarão bastante enojadas.

É isso, nos vemos nos próximos posts 
See ya!